quarta-feira, 15 de agosto de 2012

Lenda da praia do Olho d´Água

Uma das mais aprazíveis praias de São Luís, distante cerca de quinze
quilômetros do centro da Cidade, é a do Olho d'Agua. Ainda hoje, apesar da
existência de outras muitas igualmente belas e às vezes mais próximas do
centro urbano, continua muito procurada pelos banhistas. Entre o mar e o sopé do conjunto de dunas alvas, um vasto estendal de areia
esbanja beleza e alvura, sob a luz do sol ou do luar. Conta-se que primitivamente houve ali uma aldeia indígena, cujo chefe era
Itaporama. Sua filha apaixonou-se ardentemente por um jovem da tribo. Mas
este, por ser muito belo, igualmente provocou a mais acesa paixão da Mãe
d'Água, que, por seus encantos e poderes sobrenaturais, conquistou-o
definitivamente, levando-o para seu palácio encantado, nas profundezas do
mar. Perdendo para sempre seu grande amor; a filha de Itaporama caiu em grande
desolação. Disposta a não mais alimentar-se, foi para a beira da praia, onde se
entregou, resignada, a seu martírio sentimental, chorando copiosa e
interminavelmente, até morrer. Surgiram, de suas lágrimas, duas nascentes que até hoje correm para o mar;
formando o riacho perene em que os banhistas vão "tirar o sal do corpo", como
popularmente se diz. É o eterno pranto da filha de Itaporama por seu amado que a lara lhe
conquistou. Stella Leonardos assim termina o poema Lenda da Praia do Olho d'Agua, de
seu Cancioneiro de São Luís, um dos mais belos livros 'de poesia sobre a
Cidade:
(A iara cauda de escama,
 voz de vaga, fluida flama.
Ai filha de Itaporama!
A voz da iara é uma trama.
Diz adeus a quem não te ama!)
Depois, as dunas e as águas
do estendal de areias alvas
viram rolar muita lágrima
da cunhã dos olhos-mágoa
que se finou de chorar. Foi quando dois olhos d'água
de uma doçura lendária
se espraiaram pela praia.
E ainda correm para o mar.

Arislene
 

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