"Romantismo"
O período literário conhecido como Romantismo associa-se à ascensão da
burguesia como classe dominante,após a Revolução Francesa.
No
Romantismo temos como valores correntes o cristianismo medieval,a valorização
da individualidade e a libertação das normas.
Com
os progressos políticos,sociais e econômicos proporcionados pela Revolução
Francesa,e a burguesia ascendente ocupando o lugar da aristocracia,vemos uma
crescente valorização da iniciativa e da capacidade criadora de cada indivíduo.É
o período da individualidade,da originalidade.O romantismo é o período
literário centrado no “eu”.
No
Brasil,o Romantismo coincide com o processo de independência política;por isso
assume aqui um caráter nacionalista,de valorização do patrimônio cultural
brasileiro.
O
processo de independência permitiu a ascensão da burguesia também no
Brasil,graças ao desenvolvimento econômico do período,e transformou o Reio de
Janeiro em uma grande capital cultural,que colocava o Brasil em contato com os
grandes centros europeus,facilitando o crescimento e aprimoramento da
literatura.Vale lembrar que o desenvolvimento da imprensa,a fundação de cursos
jurídicos de nível superior e a divulgação dos ideais de do Liberalismo pela
Maçonaria contribuíram muito no aprimoramento da produção literária nacional.
O
Romantismo tem como principais características o subjetivismo,o idealismo,a
liberdade de criação,o sentimentalismo,a valorização do amor,o nacionalismo,a
religiosidade,a evasão(tentativa de fuga),o mal -do –século(gosto pelo
sofrimento e pela melancolia,causado por um sentimento de desajuste em relação
ao mundo),a valorização do índio(indianismo,que está vinculado ao nacionalismo)
e do sertanejo(sertanismo).
Desse
modo,a produção de cada autor pode ser encaixada dentro de uma determinada
vertente ,de acordo com o aspecto abordado com maior evidência.
Romantismo na literatura
O
Romantismo surge na literatura quando os escritores trocam o mecenato aristocrático pelo
editor, precisando assim cativar um público leitor. Esse público estará entre
os pequenos burgueses, que não estavam ligados aos valores literários clássicos e, por isso,
apreciariam mais a emoção do que a sutileza das formas do período anterior. A
história do Romantismo literário é bastante controversa.
Em
primeiro lugar, as manifestações em poesia e prosa popular na Inglaterra são os
primeiros antecedentes, embora sejam consideradas "pré-românticas" em sentido lato.
Os autores ingleses mais conhecidos desse pré-Romantismo
"extra-oficial" são William Blake (cujo misticismo
latente em The Marriage of Heaven and
Hell
- O Casamento do Céu e Inferno, 1793 atravessará o Romantismo até o Simbolismo) e Edward Young (cujos Night
Thoughts - Pensamentos Noturnos, 1742, re-editados por Blake em
1795, influenciarão o Ultra-Romantismo), ao lado de James Thomson, William Cowper e Robert Burns. O Romantismo
"oficial" é reconhecido nas figuras de Coleridge e Wordsworth (Lyrical Ballads
- Baladas Líricas, 1798), fundadores; Byron (Childe Harold's Pilgrimage, Peregrinação
de Childe Harold, 1818), Shelley (Hymn to
Intellectual Beauty - Hino à Beleza Intelectual, 1817) e Keats (Endymion,
1817), após o Romantismo de Jena.
Em
segundo lugar, os alemães procuraram renovar sua literatura através do retorno
à natureza e à essência humana, com assídua recorrência ao "pré-Romantismo
extra-oficial" da Inglaterra. Esses escritores alemães formaram o
movimento Sturm
und Drang
(tempestade e ímpeto), donde surge então, mergulhado no sentimentalismo, o
pré-Romantismo "oficial", isto é, conforme as convenções
historiográficas. Goethe (Die Leiden des
Jungen Werther - O Sofrimento do Jovem Werther, 1774), Schiller (An die Freude
- Ode à Alegria, 1785) e Herder (Auszug aus einem Briefwechsel über
Ossian und die Lieder alter Völker - Extrato da correspondência sobre
Ossian e as canções dos povos antigos, 1773) formam a Tríade. Alguns jovens
alemães, como Schegel e Novalis, com novos ideais
artísticos, afirmam que a literatura, enquanto arte literária, precisa
expressar não só o sentimento como também o pensamento, fundidos na ironia e na
auto-reflexão. Era o Romantismo de Jena, o único Romantismo autêntico em nível
internacional.
Em
terceiro lugar, a difusão européia do Romantismo tomou como românticas as
formas pré-românticas da Inglaterra e da Alemanha, privilegiando, portanto,
apenas o sentimentalismo em detrimento da complicada reflexão do
Romantismo de Jena. Por isso, mundialmente, o Romantismo é uma extensão do
pré-Romantismo. Assim, na França, destacam-se Stendhal, Hugo e Musset; na Itália Leopardi e Manzoni; em Portugal Garrett e Herculano; na Espanha Espronceda e Zorilla.
Tendo
o liberalismo como referência ideológica, o Romantismo renega as formas rígidas
da literatura, como versos de métrica exata. O romance se torna o gênero
narrativo preferencial, em oposição à epopéia. É a superação da retórica, tão valorizada pelos
clássicos.
Os
aspectos fundamentais da temática romântica são o historicismo e o individualismo. O
historicismo está representado nas obras de Walter Scott (Inglaterra), Vitor Hugo (França), Almeida Garrett (Portugal), José de Alencar (Brasil), entre tantos
outros. São resgates históricos apaixonados e saudosos ou observações sobre o
momento histórico que atravessava-se àquela altura, como no caso de Balzac ou Stendhal (ambos franceses).
A
outra vertente, focada no individualismo, traz consigo o culto do egocentrismo,
vazado de melancolia e pessimismo (Mal-do-Século). Pelo apego
ao intimismo e a valores extremados, foram chamados de Ultra-Românticos. Esses
escritores como Byron, Alfred de Musset e Álvares
de Azevedo
beberam do Sturm
und Drang
alemão, perpetuando as fontes sentimentais.
O
romantismo é um movimento que vai contra o avanço da modernidade em termos da
intensa racionalização e mecanização. É uma crítica à perda das perspectivas
que fogem àquelas correlacionadas à razão. Por parte o romantismo nos mostra
como bases de vida o amor e a liberdade.
Romantismo na música
As
primeiras evidências do romantismo na música aparecem com Beethoven. Suas sinfonias, a
partir da terceira, revelam uma música com temática profundamente pessoal e interiorizada,
assim como algumas de suas sonatas para piano também, entre as quais é possível
citar a Sonata Patética.
Outros
compositores como Chopin, Tchaikovsky, Felix Mendelssohn, Liszt, Grieg e Brahms levaram ainda mais adiante o ideal
romântico de Beethoven, deixando o rigor formal do Classicismo para escreverem
músicas mais de acordo com suas emoções.
Na
ópera, os compositores mais
notáveis foram Verdi e Wagner. O primeiro procurou escrever óperas, em
sua maioria, com conteúdo épico ou patriótico - entre as quais as óperas Nabucco, I Vespri Sicilianni, I
Lombardi nella
Prima Crociata
- embora tenha escrito também algumas óperas baseadas em histórias de amor como
La Traviata; O segundo enfocava
histórias mitológicas germânicas, caso da Tetralogia do Anel do Nibelungo e outras óperas como Tristão
e Isolda
e O
Holandês Voador, ou sagas medievais como Tannhäuser, Lohengrin e Parsifal. Mais tarde na Itália o romantismo na ópera
se desenvolveria ainda mais com Puccini.
Romantismo em Portugal
Teve
como marco inicial a publicação do poema "Camões", de Almeida
Garrett, em 1825, e durou cerca de 40 anos terminando por volta de 1865 com a Questão
Coimbrã.
A
Primeira Geração do Romantismo em Portugal vai de 1825 a 1840. Seus principais
autores são Almeida
Garrett,
Alexandre
Herculano,
Antônio Feliciano de Castilho. A Segunda Geração,
ultra-Romântica, de 1840 a 1860 e tem como principais autores, Camilo
Castelo Branco
e Soares
de Passos.
A Terceira Geração, pré-Realista, de 1860 a 1870, aproximadamente, teve como
principais autores Júlio Dinis e João de Deus.
Romantismo no Brasil
De
acordo com o tema principal, os romances no Brasil podem ser classificados como
indianistas, urbanos ou históricos e regionalistas.
No
romance indianista, o índio era o foco da literatura, pois era considerado uma
autêntica expressão da nacionalidade, e era altamente idealizado. Como um
símbolo da pureza e da inocência, representava o homem não corrompido pela
sociedade, o não capitalista, além de assemelhar-se aos heróis medievais,
fortes e éticos. Junto com tudo isso, o indianismo expressava os costumes e a
linguagem indígenas, cujo retrato fez de certos romances excelentes documentos
históricos.
Os
romances urbanos tratam da vida na capital e relatam as particularidades da
vida cotidiana da burguesia, cujos membros se identificavam com os personagens.
Os romances faziam sempre uma crítica à sociedade através de situações
corriqueiras, como o casamento por interesse ou a ascensão social a qualquer
preço.
Por
fim, o romance regionalista propunha uma construção de texto que valorizasse as
diferenças étnicas, linguísticas, sociais e culturais que afastavam o povo
brasileiro da Europa, e caracterizava-os como uma nação. Os romances
regionalistas criavam um vasto panorama do Brasil, representando a forma de
vida e individualidade da população de cada parte do país. A preferência dos
autores era por regiões afastadas de centros urbanos, pois estes estavam sempre
em contato com a Europa, além de o espaço físico afetar suas condições de vida.
A primeira geração (nacionalista–indianista) era voltada para a
natureza, o regresso ao passado histórico e ao medievalismo. Cria um herói
nacional na figura do índio, de onde surgiu a denominação de geração
indianista. O sentimentalismo e a religiosidade são outras características
presentes. Entre os principais autores podemos destacar Gonçalves
de Magalhães,
Gonçalves
Dias
e Araújo
Porto Alegre.
Gonçalves de Magalhães foi o introdutor do Romantismo no Brasil. Obras: Suspiros Poéticos e Saudades. Gonçalves Dias foi o
mais significativo poeta romântico brasileiro. Obras: Canção
do exílio,
I-Juca-Pirama. Araújo Porto Alegre
fundou com os outros dois a Revista Niterói-Brasiliense
Entre
as principais características da primeira geração romântica no Brasil estão: o
nacionalismo ufanista, o indianismo, o subjetivismo, a religiosidade, o
brasileirismo (linguagem), a evasão do tempo e espaço, o egocentrismo, o
individualismo, o sofrimento amoroso, a exaltação da liberdade, a expressão de
estados de alma, emoções e sentimentalismo.
A segunda geração, também conhecida como Byroniana e Ultrarromantismo,
recebeu a denominação de mal do século pela sua
característica de abordar temas obscuros como a morte, amores impossíveis e a
escuridão.
Entre
seus principais autores estão Álvares
de Azevedo,
Casimiro
de Abreu,
Fagundes
Varela,
Junqueira
Freire
e Pedro
de Calasans.
Álvares de Azevedo fazia parte da sociedade epicuréia destinada a repetir no
Brasil a existência boêmia de Byron. Obras: Pálida à Luz, Soneto, Lembranças de
Morrer, Noite na Taverna. Casimiro de Abreu escreveu As Primaveras, Poesia e
amor, etc. Fagundes Varela, embora byroniano, já tinha em sua poesia algumas
características da terceira geração do romantismo. Junqueira Freire, com estilo
dividido entre a homossexualidade e a heterossexualidade, demonstrava as
idiossincrasias da religião católica do século XIX.
Já
as principais características da segunda geração foram o profundo subjetivismo,
o egocentrismo, o individualismo, a evasão na morte, o saudosismo (lamentação)
em Casimiro de Abreu, por exemplo, o pessimismo, o sentimento de angústia, o
sofrimento amoroso, o desespero, o satanismo e a fuga da realidade.
Por
fim há a terceira geração, conhecida também como geração Condoreira, simbolizada pelo
Condor, uma ave que costuma construir seu ninho em lugares muito altos e tem
visão ampla sobre todas as coisas, ou Hugoniana, referente ao escritor francês
Victor Hugo, grande pensador do social e influenciador dessa geração.
Os
destaques desta geração foram Castro Alves, Sousândrade e Tobias Barreto. Castro Alves,
denominado "Poeta dos Escravos", o mais expressivo representante
dessa geração com obras como Espumas Flutuantes e Navio Negreiro. Sousândrade
não foi um poeta muito influente, mas tem uma pequena importância pelo
descritivismo de suas obras. Tobias Barreto é famoso pelos seus poemas
românticos.
As
principais características são o erotismo, a mulher vista com virtudes e
pecados, o abolicionismo, a visão ampla e conhecimento sobre todas as coisas, a
realidade social e a negação do amor platônico, com a mulher podendo ser tocada
e amada.
Essas
três gerações citadas acima apenas se aplicam para a poesia romântica, pois a
prosa no Brasil não foi marcada por gerações, e sim por estilos de textos -
indianista, urbano ou regional - que aconteceram todos simultaneamente.
No
país, entretanto, o romantismo perdurará até à década de 1880. Com a publicação
de Memórias Póstumas de Brás Cubas, por Machado de Assis, em 1881, ocorre
formalmente a passagem para o período realista.
Principais
escritores românticos brasileiros
· Gonçalves Dias: principal poeta
romântico e uns dos melhores da língua portuguesa, nacionalista, autor da
famosa Canção do Exílio, da nem tão famosa I-Juca-Pirama e de
muitos outros poemas.
· Álvares de Azevedo: o maior romântico da Segunda Geração Romântica;
autor de Lira dos Vinte Anos, Noite na Taverna e Macário.
· Castro Alves:grande representante da
Geração Condoeira, escreveu, principalmente, poesias abolicionistas como o Navio
Negreiro.
· José de Alencar, principal romancista
romântico. Romances urbanos: Lucíola; A Viuvinha; Cinco
Minutos; Senhora. Romances regionalistas: O Gaúcho, O
Sertanejo, O Tronco do Ipê. Romances históricos: A Guerra dos
Mascates; As Minas de Prata. Romances indianistas: O Guarani,
Iracema e o Ubirajara.
· Manuel Antônio de Almeida: romancista urbano,
precursor do Realismo. Obras: Memórias de
um Sargento de Milícias.
· Bernardo Guimarães: considerado fundador do regionalismo.
Obras: A Escrava Isaura; "O Seminarista"
· Machado de Assis: estilo único, dotado
de fase romântica e realista. Em sua fase romântica destacam-se "A Mão e a
Luva" e "Helena". Ainda em tal fase realizava análise
psicológica e crítica social, mostrando-se atípico dentre os demais românticos
Fontes:
1. "O Iluminismo
frente ao Romantismo no marco da subjetividade moderna" de G. Mayos (traduzido
por Karine Salgado).
2. Livro Anglo
Vestibulares; Português 2: Literatura I; Ano 2001
3. [http://books.google.com.br/books?id=3X6hu3e3KbUC&pg=PA321&lpg=PA321&dq=Massaud+Moises+movimento+romantico&source=bl&ots=vl_Roa66HF&sig=VmCuVt73raHqjW75Q3D3V2QCS2c&hl=pt-BR&sa=X&ei=jeXET-6FCLD06AGJhrmcCg&ved=0CFcQ6AEwBQ#v=snippet&q=cavaleiros&f=false
Moisés, Massaud. História da literatura brasileira. Das origens ao romantismo.
Volume I, pg. 317. Editora Cultrix (2001).
4. pt.wikipedia.org/wiki/romantismo
ARISLENE
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